E a estimativa da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro (AHK Rio) é que este mercado movimente 47 bilhões de dólares nos próximos dez anos.
A Alemanha do lado da demanda, e o Brasil do lado da oferta, devem tomar uma fatia desse montante.
O compromisso de reduzir suas emissões de carbono em 55% nos próximos cinco anos e ser neutra até 2045 tem levado a Alemanha a investir pesado no desenvolvimento do mercado de hidrogênio verde (H2V), com interesse especial pelo Brasil.
“O Brasil tem a maior base de empresas alemãs do mundo. Na parceria com a Alemanha, o Brasil tem destaque”, afirma Ansgar Pinkowski, gerente de inovação e sustentabilidade da AHK Rio.
Pinkowski participou do lançamento do programa Minas do Hidrogênio, promovido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) nesta quinta (12).
Segundo o executivo, 66% das empresas alemãs que já estão trabalhando com hidrogênio verde possuem subsidiárias no Brasil.
O que deve beneficiar o país com plano alemão de destinar € 9 bilhões para desenvolvimento de tecnologias ligadas ao H2V. Desse total, € 2 bi serão para parcerias internacionais.
O plano também inclui a realização de leilões internacionais para fornecimento de H2V pelos próximos dez anos.
De acordo com levantamento apresentado por Pinkowski, até 2025, os países que representam 80% do PIB mundial já terão apresentado suas estratégias nacionais para o hidrogênio.
“Isso abre uma oportunidade econômica gigantesca para países como o Brasil”, disse.
“Não conheço nenhum outro país que tenha tantas condições favoráveis como o Brasil. Talvez a Austrália”, completou.
A Thyssen conta com mais de 600 plantas eletroquímicas em todo o mundo, com uma capacidade total de mais de 10 gigawatts.
A expectativa da companhia é que, com sua tecnologia, seja possível escalar a produção de H2V e utilizar o combustível também na fabricação de aço zero carbono, até 2050, substituindo o carvão.
“Estamos investindo em capacidade de manufatura de eletrolisadores. Até 2024 queremos jogar no mercado 3 GW de eletrolisadores”, disse o gerente da ThyssenKrupp.
Para ele, o Brasil tem tudo para ser relevante neste mercado, um vez que já possui um setor industrial robusto.
“Além da possibilidade de exportação, há um mercado interno formidável. Já vemos vantagem no Brasil, para produção de amônia”.
Além da amônia verde, a célula de etanol — outra tecnologia com base no H2V — também vem sendo estudada para o abastecimento do setor de transporte.
Embora a célula ainda esbarre em dificuldades tecnológicas quando o assunto é transformar o etanol em hidrogênio no veículo, a tecnologia que faz essa conversão — o reformador — já está madura para instalação em postos de abastecimento.
Recentemente, a Volkswagen elegeu o Brasil para ser a sede de um centro de pesquisas relacionadas ao tema.
Para o CEO da Volkswagen América Latina, Pablo Di Si, o Brasil deve ser um exportador de tecnologias de etanol, como a célula a combustível, tanto para países vizinhos como para o continente europeu e potências emergentes como China e Índia.
“O Brasil precisa pensar grande, precisa se mostrar para o mundo como um importante desenvolvedor de biocombustíveis, exportando tecnologia, e não só o etanol”, disse o executivo em um evento em maio deste ano.
“Temos que pensar no etanol, na célula de combustível. Ela pode ser transportada em contêiner e exportada para a Europa, para a China”, completou.