Os planos de grandes empresas para alcançar o net-zero nas próximas décadas podem não funcionar ou até piorar a crise climática, por falta de detalhamento e ações reais, conclui um estudo conduzido pelas organizações Corporate Accountability, Global Forest Coalition e Friends of the Earth International.
As organizações tentam, com o relatório, chamar atenção para um risco de planos de sustentabilidade serem contaminados por saídas para a crise climática que não coloquem as economias globais na rota necessária, ameaçando a integridade dos planos de transição.
Trabalhos como o da Corporate Accountability têm ganhado força pelo mundo, especialmente em países ricos, como EUA e na Europa, sede das grandes corporações ocidentais do mercado de energia.
E têm pressionado. Na Holanda, uma corte local decidiu favoravelmente a um pedido para forçar a Shell a antecipar seus planos de transição, em uma ação inédita na indústria de óleo.
Um contraponto do mercado é que o corte de emissões por restrições na oferta, seja de combustíveis ou produtos, implica em preços mais altos para os consumidores. E custo significa acesso à energia.
É em meio a esse difícil equilíbrio econômico e climático que consumidores, de forma desigual pelo mundo, votam com o bolso, divididos entre a pressão em corporações por um mundo mais limpo e por acesso às energias na forma mais barata disponível.
Um dilema enfrentado no Brasil, intensificado pela inflação, que resultou em mais um programa de subsídio direto às fontes fósseis, com uma desoneração da ordem de R$ 3 bilhões para o diesel este ano, enquanto caminhoneiros falam em greve.