HOUSTON – A Petrobras vai defender um mandato para o diesel coprocessado no projeto de lei do Combustível do Futuro, que foi aprovado pela Câmara dos Deputados na semana passada, e agora tramita no Senado, disse o presidente da estatal, Jean Paul Prates, em entrevista exclusiva ao estúdio epbr nesta segunda-feira (18/3) durante a CERAWeek 2024, da S&P Global, no Texas. Veja na íntegra a entrevista.
O PL deixou de fora o diesel coprocessado. O diesel R é produzido pela Petrobras nas refinarias ao processar óleos vegetais junto com o fóssil para ter um percentual renovável na mistura final.
Prates afirma que o diesel R, antigo HBIO, é idêntico ao diesel fóssil, mas com conteúdo renovável, e que por isso deveria ser tratado como o biodiesel, que terá mistura obrigatória de 20% em 2030.
“Esse coprocessamento, por exemplo, tem que estar no mandato, tem que contar para você dizer, olha, tem componente renovável no diesel brasileiro, por que não estaria? Então é por isso que eu digo, a questão da disputa das rotas tecnológicas não pode sobrepujar a importância de você reduzir emissões.”
Ex-senador, ele disse que o primeiro momento do projeto foi para definir as metas e incluir os novos combustíveis, mas que agora é a hora de “calibrar” os incentivos.
“Essas coisas têm que ser muito conversadas. Eu acredito que o trabalho do senador Veneziano [Vital do Rêgo (MDB/PB), apontado como possível relator do PL] agora, que é uma pessoa que tem olhado para essa área desde que a gente saiu de lá, a gente meio que passou o bastão da frente de energia (…) vai tentar fazer, provavelmente, um trabalho realmente de relatoria mais preocupada com essa segunda fase (…) por isso é bom ter o bicameralismo, você tem que ter aquela calibragem disso aí, o princípio é bom de indução, mas a calibragem desses instrumentos de indução tem que ser discutidas também fora da questão de prender uma rota tecnológica.”
Mandato de biometano tem que ser calibrado
Prates afirmou que a obrigação de compra de biometano até o limite de 10% estabelecida pelo PL do Combustível do Futuro não incomoda, mas que deve ser calibrada para evitar problemas de abastecimento e o incentivo “não pegar”.
“A Petrobras lida com o ambiente regulatório que lhe for dado”, disse. “Então nada incomoda, mas de novo, é dentro do contexto de você forçar de uma forma, eventualmente que os próprios setores não atendam, de cometer a temeridade, chegar lá na frente, o elemento de indução não pegar e você ficar no ar, ou ter falta, ou ter crise, ou ter problema de abastecimento, enfim, isso é que tem que ser calibrado direito, mas fora isso não incomoda nada, a gente lida com o que vier.”
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