A nova política pública para concessões de rodovias do governo federal terá mecanismos para incentivar a transição energética e a redução de emissões, afirmou nesta quinta-feira (10) o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro. Ele deu entrevista exclusiva ao estudio epbr durante a Rio Pipeline 2023.
“(A Abegás sugeriu) incluir na nossa política de rodovias, de concessões rodoviárias, uma política dessa transição energética, de substituição, de utilização do gás. Nós incorporamos e, em breve, a gente vai publicar já a política pública de concessões”, disse Santoro.
“Ou seja, todos os editais que a ANTT for rodar a partir de agora vão incorporar essas orientações de mecanismos de transição energética. Então, a transição energética vai fazer parte da política pública para rodovias.”
Corredores azuis
Santoro afirma que está discutindo com o Ministério das Minas e Energia, dentro do Gás para Empregar, a construção de corredores logísticos com pontos de abastecimento de GNV e biometano, os corredores azuis. E também alternativas para o abastecimento de veículos elétricos.
“A gente quer primeiro fazer alguns projetos pilotos para verificar a viabilidade econômica e técnica disso. Aí a gente está começando essa agenda de conversas com as concessionárias. Eu acho que é bem viável (…) Não adianta eu estimular a troca da frota se eu não dou a logística necessária da entrega do combustível nos pontos, nos principais corredores logísticos do Brasil.
Green bonds
Outra medida que deve ser adotada é a emissão de debêntures verdes, o green bonds, como já tinha sido anunciado pelo ministro dos Transportes, Renan Filho.
“Por exemplo, eu tenho uma frota a óleo diesel, eu troco para gás. Quando eu tirei de carbono? E aí eu vou ter como mensurar isso para as empresas. Nós vamos apoiar esse movimento de várias maneiras. Uma das maneiras é eu certificar o quanto ela tira de carbono na atmosfera e ela poder emitir um green bond e ela poder se remunerar por isso. Isso é uma maneira.”
O ministério também pretende manter e intensificar um acordo firmado, em 2019, entre o então ministro Tarcísio de Freitas e o Climate Bonds Initiative (CBI) — que atua na criação de regras de concessões green bonds.
Free flow e drones nas estradas
O secretário-executivo também cita como exemplo de medidas para reduzir o consumo de energia e as emissões de carbono o fim do pedágio fixo e o uso de drones nas rodovias.
“A partir de agora, as rodovias vão ser todas free flow. Ou seja, não vai ter mais aquela praça do pedágio, vai ser capturada por antena. Então, isso já diminuiu a aceleração, desaceleração. Isso dá uma diminuição dessa emissão, melhora o fluxo”, disse.
“Tem diversos outros exemplos. Por exemplo, hoje nas rodovias é exigido uma pessoa que faz vistoria cada uma hora dos pontos da rodovia com uma motinho ou com um carro de vistoria. A gente está substituindo isso por drones. Então, a gente está buscando essa eficiência energética de vários mecanismos e a gente trouxe essa discussão do gás para dentro dessas modelagens de concessões, tanto rodoviária quanto ferroviária, que a gente está começando, vai apresentar um pipeline na sequência.”
Novas ferrovias e locomotivas elétricas
Santoro prevê que o Ministério dos Transportes apresente em setembro uma política pública para as ferrovias, também prevendo mecanismos de descarbonização.
“Vamos ouvir o mercado conversar porque a gente passou muitos anos sem, abandonou-se as ferrovias de passageiros. Então, a gente está criando mecanismos de tentar estimular o retorno dessas ferrovias de passageiros. Ou seja, a gente poder trazer de novo esse modal para o mercado brasileiro. E aí a eletrificação pode ser um caminho? Sem dúvida nenhuma. A eletrificação é um caminho muito importante”, afirmou
Inicialmente, o uso de locomotivas elétricas não deve ser adotado. As primeiras iniciativas, no entanto, podem usar locomotivas a gás natural, reduzindo as emissões em relação ao diesel.
“Não vai ter eletrificação a princípio. A gente está olhando Lusiana, Brasília, Maringá, Londrina. Algumas cidades que não são as capitais, são cidades com um volume de pessoas grande e que tem pouco acesso a transporte de qualidade. E que a gente está desenhando com uma viabilidade econômica. E provavelmente, nesse primeiro modelo, no início a gente não vai poder ir para uma eletrificação direto. Que ainda vai ter que ter um modelo de uma locomotiva ou a gás, ou óleo diesel.”
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