NATAL – Portugal conseguiu reduzir em 23% o consumo de gás natural após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, apenas com ações voluntárias, afirmou o presidente da Agência para a Energia (Adene). Nilson Lage falou ao estúdio epbr durante a EVEx 2024, em Natal (RN). Veja a íntegra acima.
A Adene coordena os esforços de eficiência energética no país. Após o início do conflito, os integrantes da União Europeia acordaram uma redução média de 15% no consumo de gás natural, que era em grande parte importado da Rússia. No caso de Portugal e Espanha, a meta era de 7,5%.
“Portugal e Espanha, apesar de não terem que cumprir com essa redução de 15% mas apenas 7,5%, conseguiu chegar até uma redução de 23% do seu consumo de gás, e por isso, uma vez mais, fomos bons alunos também no que diz respeito à resposta que demos a esta crise”, disse Lage.
Em toda a UE, houve uma redução de 19% no consumo de gás. O porcentual de gás russo transportado por gasoduto nas importações da UE diminuiu de mais de 40% em 2021 para cerca de 8% em 2023.
Segundo Lage, a redução não foi compulsória e nem houve cortes.
“Um fator muito importante foi que criamos um plano de poupança voluntário, na realidade, não obrigamos o setor a reduzir, trabalhamos com o setor, preparamos este plano com o setor, dialogamos e incorporamos medidas que o próprio setor nos disse e que nos deu, por isso, na realidade, foi um plano voluntário, mas que funcionou muito bem, porque conseguimos, em vez de 15% termos uma redução de 23% e conseguimos juntar todo o setor, todas as atividades econômicas fizeram parcerias com a Adene, que foi a entidade responsável por por em prática este plano de poupança e conseguimos uma redução muito forte.”
Outra vertente foi treinar e conscientizar os consumidores sobre a importância da redução em um contexto de dependência externa e de conflito regional. “Trabalhamos também o componente comportamental, que é muito importante, realizamos muitos webinars, muitos encontros, lançamos manuais, explicamos às pessoas o que era preciso reduzir e por que era preciso reduzir, por isso a parte comportamental foi muito importante”, disse Lage.
Diversificação da matriz
Para o longo prazo, o país aposta no biometano e no hidrogênio produzido a partir de energias renováveis, especialmente eólicas offshore.
“Portugal também lançou um plano nacional de biometano, ou seja, a tentativa de pôr e de começar já com o biometano e depois gradualmente ir introduzindo o hidrogênio, ou seja, há aqui uma estratégia de diversificar também aquilo que são os vários vetores de energia a nível nacional e de dar um grande contributo para a Europa”, explicou o executivo.
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