RIO – Apesar dos avanços regulatórios no setor, Laura Porto, diretora executiva de Renováveis do Grupo Neoenergia, identifica desafios importantes que precisam ser enfrentados no processo de implementação de projetos eólicos offshore. Entre eles, a definição de critérios qualitativos, para além dos financeiros, nos editais de leilão de áreas para geração offshore, afirmou nesta terça (26/3) em entrevista ao TotalEnergies Studio, produzido pela epbr na Brazil Offshore Wind Summit no Rio (veja a íntegra acima).
A diretora defende que não se trata apenas do valor pago no bônus de assinatura. E lembra que a economia do mar é complexa e envolve vários outros setores.
“Esse é o ponto. É fundamental. Todos os países que estão com boas experiências estão definindo o critério que é o build contest.”
Laura Porto também defende um balcão único, para que não seja preciso consultar ou dar entrada no projeto em dez, 15 órgãos diferentes: “Então, você tem que consultar vários órgãos. Como é que você vai consultar tantos órgãos simultaneamente? Então, você tem que ter uma objetividade. Você tem que ter critérios definidos”.
Regulamentação infralegal deve ser clara
A aprovação do projeto de lei das eólicas offshore (PL 576/2021), em dezembro, foi recebida com otimismo pela Neoenergia, no entanto a executiva defende a necessidade de atenção especial à regulamentação pós aprovação no Senado. E ressaltou a necessidade de disposições infralegais claras e consistentes para garantir segurança jurídica e atratividade aos investidores.
A diretora da Neoenergia citou a importância do envolvimento ativo dos principais stakeholders do setor na elaboração do projeto e destacou sua relevância para fornecer diretrizes macroeconômicas e incentivar investimentos no segmento.
Eólicas offshore no planejamento de transmissão
Na sua visão, um importante desafio a ser enfrentado refere-se à simplificação do planejamento da transmissão e a inclusão da energia offshore.
Laura explica que a linha de uso é exclusiva e de responsabilidade do gerador. Todavia, lembra que a rede básica que vai escolar essa energia deve ser planejada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e posta em leilão pela Aneel.
Menciona também desafios globais enfrentados por projetos de eólicas offshore, como a inflação e problemas na cadeia de suprimentos, e a importância da cautela e da expertise na implementação desses empreendimentos.
Ela cita a experiência adquirida pela Neoenergia em projetos onshore, em que o guindaste, geralmente importado, era o componente mais difícil para a montagem e até mesmo para a operação de um parque.
E alerta que a falta ou problemas logísticos ligados a equipamentos dessa relevância podem comprometer um projeto. E destaca a importância de infraestrutura prévia, como embarcações super complexas e guindastes adequados.
Sinergia com o hidrogênio verde
Laura Porto vê a sinergia entre os projetos de geração eólica offshore e a indústria de hidrogênio verde como uma oportunidade estratégica para o setor de energias renováveis. Embora reconheça que a utilização de energia gerada no mar na produção de H2V ainda demande escala e desenvolvimento tecnológico, ela ressalta o potencial dessa integração para impulsionar a transição para uma economia mais verde e sustentável.
“Agora, acredito que a energia eólica offshore precisa ganhar escala, preço, para ser realmente um fornecedor de energia para o hidrogênio verde. Enquanto isso, na minha opinião, a onshore e a fotovoltaica seriam, digamos, as fontes que seriam as fornecedoras.”
A diretora enfatizou sua convicção de que a descarbonização e a eletrificação da economia são pilares fundamentais para o desenvolvimento sustentável. Nesse contexto, para ela, as eólicas offshore emergem como uma solução promissora para atender à crescente demanda por energia limpa e contribuir para a redução das emissões de carbono.
Cobertura do TotalEnergies Studio, produzido pela epbr na Brazil Offshore Wind Summit 2024
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