BRASÍLIA – A Companhia Paranaense de Gás (Compagas) planeja expandir a participação do biometano em seu portfólio para algo entre 15% a 20% a partir de 2025, afirmou o CEO Rafael Lamastra, nesta quinta (3/8), durante os Diálogos da Transição 2023.
“Queremos inserir na nossa matriz, como companhia de energia fóssil, um mix de biometano. Esperamos que, a partir de 2025 ou no início de 2026, tenhamos entre 15% a 20% do nosso portfólio oriundo do biometano”, comentou.
Diante do cenário de transição, a distribuidora de gás paranaense prepara infraestrutura para facilitar o escoamento do biometano, já que a molécula é equivalente ao gás de origem fóssil (drop-in), mas é produzida no interior do estado.
“Estamos fechando no mês de agosto os primeiros contratos de biometano, a partir de uma chamada pública, e até o final do ano deveremos fechar outros contratos”, disse Lamastra.
Devido à produção agrícola, o Paraná é um dos estados com maior potencial de oferta de biometano. O biocombustível é gerado a partir da purificação do biogás, que, por sua vez, é obtido pela decomposição de materiais orgânicos.
Atualmente, o Brasil conta com seis plantas de biometano autorizadas pela ANP a operar, com capacidade de cerca 450 mil m3/dia.
Teste no transporte urbano
Do lado do estímulo à demanda, a Compagas desenvolve um programa de mobilidade urbana, em parceria com a montadora Scania, para inserir ônibus a gás natural veicular (GNV) e biometano nas frotas de transporte público.
A dupla está testando um ônibus em diferentes cidades paranaenses para avaliar indicadores de eficiência, custo operacional e redução nas emissões de poluentes comparado ao diesel.
Na terça (1/8), o município de Ponta Grossa, no estado do Paraná, deu início aos testes para integrar um ônibus movido 100% a GNV no sistema de transporte público durante um período de 30 dias.
A ação em Ponta Grossa representa a quarta etapa do projeto, que já havia sido implementado anteriormente em Londrina e Curitiba.
Os resultados das operações locais até agora, segundo dados da Scania, mostram que o veículo movido a gás natural emitiu 19% menos CO2 em relação ao diesel. Quanto aos custos operacionais, foi possível reduzir cerca de 10%.
Em junho, o mesmo veículo que havia sido testado em Londrina, foi abastecido com biometano. Com o biocombustível, a empresa calculou que a redução das emissões de óxidos de nitrogênio (NOx) atingiu 85%, e a de CO2 alcançou 95%.
“Desde já mostra que fará muito sentido se conseguirmos incentivar as frotas nas principais cidades porque teremos ganhos operacionais nos custos e na questão ambiental”, defende Lamastra.
“Os testes eram necessários para mostrar aos investidores que a troca era vantajosa”.
Corredores azuis
Em 2020, a Compagas lançou um projeto para criar corredores azuis no Paraná. O objetivo é estabelecer rotas com pontos de abastecimento a gás natural e biometano para veículos.
A estratégia visa facilitar o escoamento de insumos agrícolas para os diferentes polos de produção no estado.
A empresa, em conjunto com outras distribuidoras de gás natural, já mapeou mais de 50 rodovias pelo país para localizar pontos vantajosos de abastecimento e concluiu que 25% dos postos de GNV estão nas principais estradas que cortam o Brasil.
Segundo Lamastra, o foco agora é implementar postos de abastecimento em localidades do interior e incentivar os operadores e as transportadoras a utilizarem as fontes alternativas ao diesel.
“Estamos fundamentalmente trabalhando na interiorização dessas rotas […] estamos implantando postos abastecidos com GNV ou biometano e estimulando os operadores e as transportadoras”, assegurou.
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