RIO — A devolução do bloco Dois Irmãos, no pré-sal da Bacia de Campos, não vai afetar os planos da bp para os blocos da partilha de produção do pré-sal, afirmou Shira Paulson, vice-presidente de Subsuperfície da bp para a América Latina, em entrevista ao estúdio epbr durante a OTC Brasil 2023 (veja a íntegra acima).
A Petrobras devolveu à União o bloco Dois Irmãos, arrematado na 4ª rodada de partilha, em 2018. A área chegou a receber uma perfuração em 2022, sem anúncio de descobertas. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o poço foi abandonado permanentemente.
“Nós, infelizmente, perfuramos e, em exploração, há sempre o risco antes da perfuração”, disse a executiva. “E, com o resultado do poço seco que nós tivemos, foi considerado que esse bloco não era mais estratégico ou tinha muito potencial adicional. Então, como consórcio, nós optamos por retornar o bloco para o governo. E desejamos boa sorte a quem quer que, espero, tente monetizar o bloco no futuro.”
Dois Irmãos era operado pela Petrobras, com 45%, em parceria com a Equinor (25%) e com a bp Energy (30%). O consórcio pagou um bônus de R$ 400 milhões pelo ativo na oferta vencedora no leilão, além de ter oferecido 16,43% em óleo lucro à União na ocasião.
De acordo com Shira Paulson, o resultado não afeta os outros planos para o pré-sal. A companhia pretende perfurar no bloco Pau-Brasil, no pré-sal da Bacia de Santos, no início de 2024. A área foi arrematada por R$ 500 milhões, mais 63,79% de excedente de óleo, na 5ª Rodada de Partilha da Produção, em 2018. O bloco é operado pela bp Energy (50%), que tem como sócias a Ecopetrol (20%) e a CNOOC Petroleum (30%).
“Felizmente, não afetou. Eu acho que houve resultados heterogêneos no passado, da indústria, nessa área mais profunda [pré-sal] que foi explorada nos últimos anos. Então, o bloco do Pau-Brasil vai ser perfurado no começo do próximo ano e nós acreditamos que é independente do resultado do bloco dos Dois Irmãos. Nós estamos ansiosos para testar e ver. Mas, de novo, como exploradores e exploradoras sempre dizem, há risco. Então, nós veremos qual será o resultado.”
Shira Paulson afirmou que a empresa está avaliando as áreas oferecidas pela ANP na Oferta Permanente, em dezembro, e que está sempre procurando reequilibrar o portfólio, buscando os ativos mais “resilientes”.
Sobre a Margem Equatorial, onde a bp opera um bloco e participa de outros dois na Bacia de Barreirinhas, a executiva afirmou que aguarda o andamento da licença ambiental e das negociações da Petrobras com o Ibama.
Outras devoluções na partilha
Outros dois blocos arrematados nas últimas rodadas de partilha foram devolvidos recentemente sem anúncio de descobertas, ambos na Bacia de Santos. Foi o caso da área de Peroba, arrematado pela Petrobras na 3ª rodada de partilha, em 2017.
O mesmo ocorreu com o bloco de Saturno, operado pela Shell (50%) em parceria com a Chevron (50%), e arrematado na 5ª rodada de partilha, em 2018.
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